Até onde os registros escritos alcançam, o que se sabe é que a “pré-história” é um período que vai de 35.000 à 3.000 anos a.C. no Oriente Médio e 2.000 a.C. na Europa Ocidental. Pelo que é possível observar, os construtores da antiguidade tinham uma profunda compreensão das necessidades humanas e como lidar com as condições ambientais através da arquitetura em sua forma mais primitiva. Nos primórdios, famílias e tribos viviam em cabanas construídas a base de ossos e peles de animais. Milhares de anos de passaram até que o homem passasse a construir estruturas mais robustas utilizando pedras e tijolos de barro, assumindo formas prismáticas e dotadas de aberturas para iluminação e ventilação natural.
Ao longo dos próximos meses, publicaremos aqui no ArchDaily uma série de pequenos artigos sobre a história da arquitetura e como ela evoluiu até assumir a forma como à conhecemos hoje. Nesta semana, regressamos a um dos períodos mais importantes e influentes da história da humanidade: a Grécia antiga; mais especificamente os períodos egeu, arcaico, clássico e helenístico.
Os gregos construíam seus espaços e estruturas através de uma ênfase na proporcionalidade de suas formas, conforme é possível observar nos tantos estudos ilustrativos realizados pelo matemático grego Pitágoras. Desta forma, podemos dizer que a arquitetura da Grécia antiga é fundamentalmente baseada em noções e relações de escala. Quanto a materialidade, os gregos desenvolveram avançadas técnicas artesanais de trabalho em pedra e mármore para dar forma a uma arquitetura monumental e ricamente ornamentada.
A estrutura das antigas cidade-estado gregas eram construídas para reforçar a importância de ‘uma vida social equilibrada’. Para alcançar tais aspirações, os mestres artesãos da Grécia antiga desenvolviam seus projetos com base em rigorosas regras e proporções matemáticas, refletindo o avançado nível intelectual, cultural e tecnológico de sua sociedade.
Civilização egeia
Durante a idade do bronze, as civilizações que viviam às margens do Mar Egeu floresceram através do desenvolvimento de relações comerciais com seus países vizinhos, o que os levou à ocupar e cultivar terras além mar, fundando pequenas aldeias e cidades fortificadas ao redor de toda à costa mediterrânea. Durante o segundo milênio, acredita-se que naquele lugar coexistiam duas civilizações: os minóicos e os micênicos.
Cnossos é o maior sítio arqueológico da Idade do Bronze da ilha grega de Creta e talvez a mais famosa estrutura da Civilização Minóica. Acredita-se que inicialmente a cidade estava configurada por uma série de estruturas dispersas organizadas ao redor de um grande pátio retangular. Entretanto, depois do grande terremoto que destruiu a cidade por volta de 1700 a.C., Cnossos foi sendo reconstruída sucessivamente, reproduzindo uma configuração urbana repetitiva, expandindo-se de dentro para fora. Edifícios de embasamentos sólidos executados em estrutura de pedra lavrada e partes altas construídas com materiais mais leves, a arquitetura minóica era conhecida por suas extraordinárias colunas trabalhadas em madeira. Quanto aos micênicos, a sua mais nobre realização é a Cidadela de Micenas, um conjunto urbano construído como uma espécie de fortaleza de caráter defensivo. Portanto, para entrar em Micenas os visitantes precisavam passar pelo “Portão do Leão” e um estreito e longo corredor vigiado e protegido. Vestíbulos, muros de pedra coroados por dromos e arcos triangulares são as principais inovações arquitetônicas apresentadas ao mundo pelos milcênios.
Período arcaico
Algumas das contribuições mais significativas para a historia arquitetura tiveram lugar durante o período arcaico, uma era marcada pelo desenvolvimento cultural, político e social da antiga Grécia. Naquela época, em busca de terras agricultáveis e recursos naturais adicionais, as civilizações do mar Egeu expandiram seus territórios, estabelecendo assentamentos em toda a costa do Mediterrâneo e do mar Negro. Além da fundação e construção de cidades a partir de uma trama ortogonal, os gregos também introduziram estruturas porticadas e cobertas, telhados inclinados e colunas de pedra. Estas ultimas talvez sejam os elementos arquitetônicos mais conhecidos e a maior contribuição do período arcaico para o mundo da arquitetura, algo que ainda hoje permanece muito presente no imaginário da antiguidade, principalmente em virtude do tratado de arquitetura escrito por Vitrúvio. O arquiteto romano segregou os principais componentes da arquitetura clássica em três tipos ou ordens: dórica, jônica e coríntia, abrindo caminho para a idade clássica
Período clássico
Os edifícios erigidos durante o período clássico, que vai de 480 a 320 a.C., representam o auge e a maturidade da civilização da antiga Grécia, principalmente em termos de arquitetura, tendo a Acrópole como seu principal expoente. Talvez a mais famosa estrutura deste complexo seja o Parthenon, que é também o maior e mais exuberante templo construído durante a era clássica. Como um templo dórico períptero e octostilico com alguns elementos da jônicos, o Parthenon se ergue sobre uma plataforma ou estilóbata de três degraus. Outras estruturas significativas deste período são o Antigo Templo de Atenas e o Propileu.
Período helenístico
O maior símbolo da arquitetura do período helenístico é a a ordem coríntia, uma era que marca um evidente afastamento da arquitetura para com as refinadas formas geométricas do período clássico. Além disso, os mestres artesãos começaram a se preocupar mais com a arquitetura dos espaços exteriores, incentivando as trocas e interações sociais, o que levou à construção de estufas, banhos públicos e teatros. Passarelas em colunatas, também chamadas de stoás, também apareceram no período helenístico, estruturas ou espaços de transição entre os ambientes fechados e abertos. O Teatro de Epidauro, construído no final do século IV a.C., é um dos mais importantes edifícios construídos nesta época e ainda hoje é elogiado por historiadores e arquitetos por sua qualidade acústica única e simetria.
Fonte:
— A World History of Architecture (2nd Ed.) by Michael Fazio, Marian Moffett, and Lawrence Wodehouse.